Liam de la Torre | jornalista
ESPECIAL PARA O CORREDOR DE NOTÍCIAS
A menos de dois meses para a Copa das Confederações, a capital cearense já tem a sua arena esportiva pronta, mas para dar suporte a um evento como este é preciso muito mais do que um estádio. A infraestrutura e o planejamento de toda a cidade também são importantes. Mobilidade urbana, portos, aeroportos, segurança, informações e hotéis para os turistas, fazem parte de um evento tão grandioso como uma Copa do Mundo.
Com o objetivo de mostrar como está a infraestrutura de Fortaleza para esses dois grandes eventos (Copa das Confederações e Copa do Mundo de 2014), o Corredor de Notícias dá continuidade a série de reportagens especiais que mostrará aos leitores se estamos ou não preparados. A segunda reportagem especial é sobre a Arena Castelão.
Mais sobre o Castelão
foto: Liam de la Torre |
O Estádio Governador Plácido Castelo, agora, Arena Castelão, foi o primeiro palco da Copa do Mundo a ser reinaugurado entre as outras 11 sub-sedes, no dia 16 de dezembro de 2012. Recebeu os primeiros jogos na chamada rodada dupla, com partidas entre Fortaleza x Sport e Ceará x Bahia, no dia 27 de janeiro deste ano. Com uma Parceria Público-Privado (PPP), a arena recebeu um investimento de R$ 518,6 milhões e tem capacidade para 63.903 mil pessoas.
Principal palco do futebol cearense, o Castelão vai receber três jogos na Copa das Confederações, um do Brasil, um da seleção da Espanha, atual campeã do mundo e uma semifinal que pode ser da seleção brasileira. Em 2014 na Copa do Mundo serão seis confrontos, quatro pela primeira fase entre os quais um do Brasil e dois na fase final, oitavas e quartas de final.
Chegada na Arena
A reportagem foi realizada em 14 de abril, dia em que foi disputado o segundo Clássico-Rei no novo Castelão. A partida tomou ares maiores de importância por servir de evento teste da FIFA para a Copa das Confederações. A entidade máxima do futebol mundial testou o sistema de áudio, a organização de filas, chegada das equipes, gandulas, gramado, além da limpeza e organização.
O Corredor de Notícias testou a infraestrutura e o acesso ao local, do ponto de vista do torcedor, que vai aos jogos do Ceará, do Fortaleza e do Ferroviário, e que irá aos jogos durante a Copa das Confederações e o Mundial. No domingo 14 de abril, a partida entre Fortaleza e Ceará estava marcada para as 16h00. Por ser um jogo de suma importância e rivalidade, decidi fazer o descolamento de carro duas horas antes do inicio do confronto.
Saí da Igreja Nossa Senhora de Fátima as 14h00 e fiz o trajeto pela Av. 13 de Maio, Av. Aguanambi, depois a BR-116 e por fim a Av. Paulino Rocha deu acesso a novíssima e bela Arena Castelão. Ao todo o trajeto foi realizado em trinta minutos, de transporte coletivo o acesso deve demorar em torno de uma hora.
Durante o trajeto é visível o desgaste do asfalto na BR-116. Na Av. Paulino Rocha além da pista esburacada e o asfalto ruim, são nítidos os atrasos nos trabalhos de mobilidade urbana. Inúmeras obras inacabadas, muito entulho, poeira e desvios para evitar buracos atrapalham a chegada ao estádio. Ponto positivo para o enorme estacionamento coberto com muitas vagas e com varias pessoas auxiliando os motoristas.
Dentro da Arena
Por fora a grandiosidade do estádio impressiona, mas se de um lado está tudo pronto e belo, do outro não podemos afirmar a mesma coisa. O atraso nas obras deixa o local feio e de difícil acesso. No dia anterior ao encontro choveu forte em Fortaleza, e deixou o local muito lamacento. Um ponto positivo são as bilheterias, os 24 guichês evitam longas filas na hora da compra dos ingressos.
Antes de entrar no estádio é preciso passar por uma pequena revista. Outro ponto positivo são as inúmeras placas que indicam os portões de acesso e as entradas para os estacionamentos. Ao entrar no interior da arena, a arquitetura e o gramado impressionam pela beleza e perfeição. Após contemplar o estádio dei um passeio pelos locais permitidos na arquibancada inferior da equipe mandante do jogo, no caso o Fortaleza.
Primeiro visitei o recém-inaugurado restaurante da Arena Castelão. É um espaço bonito e confortável, de dentro os torcedores podem assistir aos jogos, e o consumo não é obrigatório. O ponto negativo são os preços extremamente altos. Café simples R$ 03,00, salgado R$ 06,00 e refrigerante R$ 04,00.
Em seguida começou a partida, procurei um lugar no centro do campo e perto dos jogadores. Não há rigor nem obrigatoriedade para os torcedores sentarem, é possível assistir o jogo em qualquer lugar, cadeira ou até em pé. Um batalhão de policiais militares fazem a segurança e evitam confronto entre torcedores. Nas competições da FIFA acredito que profissionais treinados façam a segurança, em vez dos PMs.
Ao final do primeiro tempo do jogo o resultado era 0 a 0. Aproveitei para conhecer os banheiros, que são amplos e bastante higiênicos. Depois pesquisei o preço dos lanches nas varias lanchonetes. Há pouca variedade de alimentos, somente cachorro quente R$ 05,00 e pipoca R$ 03,00. Espero que durante as Copas haja a venda de comidas tradicionais do Ceará e outras variedades. Vendedores ambulantes também comercializam água, refrigerante e os famosos “marujinhos”, sorvete de iogurte.
Saindo da Arena
No segundo tempo da partida o Ceará marcou o único gol que lhe deu a vitória sobre o seu maior rival. Na saída o clima estava tenso, o que era de se esperar após a derrota do Fortaleza. No estacionamento formaram-se enormes filas que rapidamente foram-se desfazendo.
A saída do estádio foi muito desorganizada. Pessoas andando em meio aos carros, cavalaria da PM afugentando os torcedores mais exaltados e engarrafamento quilométrico na Av. Paulino Rocha. Mesmo assim não demorei muito a chegar à BR-116 e fazer o retorno para casa em torno de 40 minutos.
Conclusões
Sem dúvidas o novo Castelão é um dos estádios mais fantásticos e modernos que o Brasil terá na Copa do Mundo. A Parceria Público-Privada fez um excelente trabalho na reforma, prazos cumpridos e antecipados. Alguns aspectos pontuais precisam ser reparados, como a numeração da cadeira no ingresso do torcedor, o sinal de telefone e internet precisa ser melhorado e mais variedades nos alimentos vendidos.
foto: Liam de la Torre |
O grande problema é a mobilidade urbana ao redor do estádio. As avenidas são pequenas para comportar um grande número de carros, o que causa enormes congestionamentos. De notar que a reportagem só foi realizada na Av. Paulino Rocha, não foram avaliadas as avenidas Alberto Craveiro e Dedé Brasil, onde acredito que os problemas sejam semelhantes aos da Paulino Rocha. Até a Copa das Confederações as obras não devem ser finalizadas, o que pode gerar vários transtornos para as autoridades. A minha conclusão é que a Arena Castelão está preparada para a Copa do Mundo, a mobilidade urbano não.
Leia também: